Le Petit Soldat - O Pequeno Soldado
Jean-Luc Godard, 1963
Em Le Petit Soldat, dois agentes de grupos terroristas de orientações políticas opostas se apaixonam na Genebra do final dos anos 1950. Produzido em 1960, como o segundo filme de Godard, Le Petit Soldat só foi lançado em 1963, após três anos sob a censura do governo francês, com o fim da guerra de independência da Argélia. A obra, com forte teor político, foi realizada em resposta às críticas de que afirmavam a exaltação e romantização da burguesia e a vida na França da época nos filmes do movimento nouvelle vague.
Le Petit Soldat é um noir comovente, que introduz o espectador em seu drama a partir da voz-off do protagonista, Bruno Forestier, que narra suas memórias post-mortem. O filme é dotado da autenticidade característica do diretor, preenchidos por cenas filmadas através da câmera hand-held, que persegue os personagens de maneira quase documentarística, atribuindo um sentimento realista à narrativa.
A obra é permeada por uma carga política evidente, uma vez que retrata as convergências políticas na França e na Suíça durante a Guerra da Argélia. No entanto, Godard sabe balancear o drama ao romance, que não obscurece o caráter principal da trama, mas acrescenta muito à ela. O filme foi censurado por causa da sequência de tortura, protagonizada por Bruno e funcionários da Frente de Libertação Nacional, que o agridem de formas grotescas por informações confidenciais. As cenas violentas são dicotômicas e alternam entre a crueldade e o sofrimento. Mesmo sob a máscara do cinema preto-e-branco, o qual muitos nutrem um certo preconceito contra, a imagem e o som não falham em promover a gastura em quem está assistindo.
Le Petit Soldat é um movimento iconoclasta de Godard, ao passo que se recusa a assumir a bandeira da Esquerda ou da Direita. Por outro lado, é um movimento icônico, que concilia a violência e a estética, sem se tornar fantasioso em demasia. Assim como diz Forestier: “a fotografia é a verdade, o cinema é a verdade 24 vezes por segundo”.
Aprecio muito o cinema godardiano e recomendo toda a sua filmografia para os fãs do cinema da nouvelle vague. No entanto, esse filme, em especial, indico para qualquer um, principalmente os fãs de thrillers e filmes com um teor mais politizado e aqueles que se interessam por sociologia e drama.
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